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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Ciência de 350

350 partes por milhão é aquilo que muitos cientistas, especialistas em clima e governos progressistas consideram agora ser o limite superior de segurança para a quantidade de CO2 na nossa atmosfera. O acelerado aquecimento do Ártico e outros impactos climáticos precoces levaram os cientistas a concluir que estamos já acima da zona de segurança com as atuais 387 ppm, e que a menos que consigamos regressar rapidamente às 350 ppm neste século, arriscamo-nos a atingir impactos irreversíveis, como é o caso do derretimento da placa gelada da Groenlândia e à libertação em massa de metano derivada desse derretimento.

Há três números de que você precisa para realmente entender o aquecimento global: 275, 385, e 350. Ao longo de toda a história humana e até há cerca de 200 anos, a nossa atmosfera tinha 275 partes por milhão de dióxido de carbono. Partes por milhão é simplesmente uma forma de medir a concentração de diferentes gases, e significa a proporção do número de moléculas de dióxido de carbono para cada milhão de outras moléculas na atmosfera. 275 ppm de CO2 é uma quantidade útil – sem algum CO2 e outros gases de efeito de estufa que mantêm o calor na nossa atmosfera, o nosso planeta seria demasiado frio para ser habitado por humanos.

Por isso precisamos de um pouco de carbono na atmosfera, mas a questão é quanto? A partir do Séc. XVIII, os humanos começaram a queimar carvão, gás e petróleo para produzir energia e bens. A quantidade de carbono na atmosfera começou a subir, primeiro devagar e agora mais rápido. Muitas das atividades que desenvolvemos todos os dias como acender as luzes, cozinhar, aquecer ou esfriar as nossas casas dependem de fontes de energia como o carvão e o petróleo que emitem dióxido de carbono e outros gases que mantêm o calor preso na nossa atmosfera. Estamos falando de milhões de anos de carvão, armazenados sob a terra sob a forma de combustíveis fósseis, que estão sendo liberados para a atmosfera.

Neste momento – e este é o segundo número – o planeta tem 387 partes por milhão de CO2 – e este número está aumentando mais ou menos à razão de 2 partes por milhão a cada ano.

Os cientistas agora dizem que essa quantidade é demasiada – este número é mais alto do que alguma vez se viu em qualquer época do nosso planeta de que há registro – e já começamos a ver impactos desastrosos em povos e lugares do mundo inteiro. Glaciais em toda parte estão derretendo e desaparecendo rapidamente – e eles são uma fonte de água potável para centenas de milhões de pessoas. Os mosquitos, que gostam de um mundo mais quente, estão a se espalhando em muitos lugares novos, onde trazem com eles a malária e a dengue. A seca está se tornando cada vez mais comum, e dificultando o cultivo de alimentos em muitos lugares. Os níveis médios das águas do mar têm começado a subir, e os cientistas avisam que eles podem subir mais do que vários metros neste século. Se isso acontecer, muitas cidades, Estados-Ilha, e terrenos agrícolas do mundo ficarão submersos. Os oceanos neste momento estão muito mais ácidos por causa do CO2 e continuam absorvendo o gás, o que está contaminando matando uma grande quantidade dos recifes de coral do mundo. Estes impactos estão se combinando, exacerbando conflitos e questões de segurança em regiões em que os recursos já são escassos.

O Ártico está nos mandando aquela que é talvez a mensagem mais clara de que as alterações climáticas estão ocorrendo muito mais rápido do que os cientistas pensavam de início. No verão de 2007, o gelo oceânico estava cerca de 39% abaixo da média do verão entre 1979 e 2000, com uma perda de área equivalente à cinco vezes a do Reino Unido.

Incentivados pelas notícias destes impactos acelerados, alguns dos mais renomados cientistas climáticos do mundo reviram agora o limite máximo de segurança, colocando-o em 350 partes por milhão. Este é o último número que precisamos saber, e o mais importante. É a zona de segurança para o planeta Terra. Como escreveu recentemente James Hansen, da Agência Aero-Espacial dos EUA, o primeiro cientista a alertar para o aquecimento global, há mais de duas décadas, “Se a humanidade deseja preservar um planeta semelhante àquele em que a civilização se desenvolveu e ao qual a vida na Terra está adaptada, as evidências paleoclimáticas e as alterações climáticas em curso sugerem que o CO2 precisará baixar das atuais 385 ppm para um máximo de 350 ppm.”

Vai ser uma tarefa difícil, mas não impossível. É imperativo que paremos de tirar carbono do solo e colocá-lo no ar. Acima de tudo, isto significa que precisamos parar de queimar tanto carvão – e começar a usar energia solar e eólica e outras fontes de energia renováveis – ao mesmo tempo que asseguramos que o Sul Global tem uma hipótese justa para se desenvolver. Se o fizermos, o solo e as florestas da Terra irão lentamente reciclar parte daquele carbono e tirá-lo da atmosfera, até que as concentrações de CO2 acabem regressando a um nível seguro. Diminuindo o uso de outros combustíveis fósseis, e melhorando as práticas de agricultura e silvicultura pelo mundo, os cientistas crêem que poderíamos regressar aos 350 até meados do século. Mas quanto mais tempo ficarmos na zona de perigo – acima dos 350 - mais provável se torna que vejamos impactos climáticos desastrosos e irreversíveis.

Com a sua ajuda, poderemos divulgar esta importante informação junto dos nossos co-cidadãos, comunidades, países, e o mundo. Para informação mais aprofundada sobre ciência climática, políticas e soluções veja, por favor, abaixo a nossa lista de recursos recomendados. Quer ajudar a educar os outros em relação a este número? Veja a nossa apresentação em PowerPoint e os fatos educativos na nossa página de Recursos. Tem alguma grande idéia sobre como comunicar esta informação? Contate-nos, aqui.

Fontes:

  • The IPCC 4th Assessment Reportlink para o ultimo relatório elaborado pelo Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, laureado com o Nobel e apoiado pelos principais climatologistas mundiais.
  • NASA - relatórios científicos, mapas interactivos, recursos para crianças, entre outros.
  • RealClimate.org - um blog sobre ciência climática, escrito por cientistas climáticos
  • Climate Safety - um novo e muito útil relatório sobre as actuais ciência, políticas e soluções climáticas

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